Roberto Paulino



Sr. Roberto Fernando Paulino Ludolf Soares de Souza.
Baluarte e Presidente de Honra.



Por: Raymundo de Castro.

Roberto Paulino conheceu a Mangueira em fins de 1953, quando foi trabalhar na Cia. Cerâmica Brasileira, a ela se afeiçoou e nunca mais deixou de frequentá-la e acompanhá-la.

O primeiro desfile a que Roberto assistiu, foi o de 1954, a Mangueira sagrou-se Campeã, com o samba de Hélio Turco, Pelado e Cícero, “Rio Passado e Presente”.

No ano seguinte, 1955, participou efetivamente do seu primeiro desfile empurrando um carro (Em Cântico da Natureza), para cima da rampa da passarela existente na Praça Onze.

Em 1959 assistiu o desfile e achou muito ruim, com fantasias maltratadas, pouca animação, parecendo existir divergência na Escola.

Logo após o Carnaval, chamou em seu escritório na Cerâmica, o Beleleu (Manuel Pereira Filho), então Diretor-Geral.

Pereira disse-lhe então, que de fato, existiam várias correntes políticas na Escola e muita desunião, o que tornava difícil um bom Carnaval.

Roberto propôs-se então, acabar com essas brigas internas e unir todo mundo. De fato, começou a fazer várias reuniões com todas as correntes, pois tinha bom trânsito em todas.

Marcou-se então uma eleição geral, concorrendo três chapas e comprometendo-se as perdedoras a apoiar à vencedora.

Na hora da eleição houve grande confusão e Pereira num golpe político, sem consultar ao Roberto, afirmou que Roberto Paulino aceitava ser Presidente se obtivesse o apoio de todos.

Eis aí, como Roberto Paulino com 24 anos de idade, foi eleito Presidente do Grêmio Recreativo Escola de Samba Estação Primeira de Mangueira.


Começou então, uma fase de grandes transformações na Mangueira.


Roberto encontrou a Escola completamente destroçada: não havia sequer, mesas, cadeiras, nem instrumentos de bateria. O caos era total.

Juntaram-se a ele, dando-lhe todo o apoio:
Tinguinha,
Nilton de Oliveira,
Neuma,
Sinhozinho,
Raymundo de Castro,
Jorge Heleno,
Beleleu,
Waldyr Claudino,
Licinho,
Carlinhos e outros.
Começando-se um trabalho duro e sério pela recuperação.

Roberto Paulino.

Antes mesmo de ser Presidente, Roberto Paulino já vinha ajudando a Mangueira:


Emprestou a garagem da fábrica para confecção das alegorias e viabilizou a Quadra do Esporte Clube Cerâmica para que lá fossem feitos os ensaios, praticamente, a única fonte de renda da Escola.

Depois de Roberto assumir, foi surgindo aos poucos às primeiras modificações. Ele era muito cauteloso, dizendo que as pessoas do morro eram as que entendiam de samba e estava ali apenas para coordenar e ajudar.

Com a ajuda de Neuma, nasceu a "Ala das Baianas" e depois a "Ala Mirim".

Roberto Paulino instituiu a cobrança de ingresso e mesa na Quadra de Ensaio. A Mangueira foi a primeira a fazer isso. Uma polêmica no começo, mas que hoje, é grande fonte de renda de todas Escolas.

Idealizou um quadro social de admiradores da Mangueira, para realizarem uma contribuição melhor mensalmente.

Foi em seu mandato também, por sugestão de Sinhozinho (Darque Dias Moreira), que nasceram os hoje conhecidos, “Ensaios Técnicos”, em que os componentes subiam e desciam a Saião Lobato, ainda sem calçamento, na época chamados de “Ensaios de Rua”.

Foi Roberto Paulino também, logo no primeiro Carnaval de sua Presidência, que modificou a maneira de desfilar da Comissão de Frente: a ala da "Mocidade Rica" saiu sambando e não andando, como era a tradição.

Roberto Paulino também fez a primeira Comissão de Frente de Mulheres, em "Casa Grande e Senzala", nota 10, em que desfilaram a Chininha (Vice-Presidente), a Cici (Presidente da Mangueira do Amanhã), a Caçula (Presidente de Ala) Gilda (Secretária da Velha Guarda), a saudosa Dina (filha do Tinguinha) e outras meninas do morro, foi um sucesso.

Foi ele quem teve a audácia de fazer uma Comissão de Frente de Crianças, também nota 10.


Os três carnavais de sua gestão conseguiram dois primeiros lugares:


Em 1960 com o enredo "Carnaval de Todos os Tempos", compositores: Hélio Turco, Pelado, Cícero e Jorge de Castro.

Em 1961 com o enredo "Reminiscência do Rio Antigo", compositores: Hélio Turco, Cícero e Pelado.

E quarto lugar com "Casa Grande e Senzala", compositores: Comprido, Hélio Turco e Pelado, neste desfile a Escola foi aclamada pelo público e imprensa como a que melhor se apresentou.


No ano seguinte, ao deixar a Presidência, fundou a Ala “Só Vai Quem Pode”, na qual, desfilaram vários diretores de sua gestão, inclusive:
Mussum,
Rochinho, (Mestre Sala),
Nozinho,
Manuel Luciano de Oliveira e outros.


Seu sucessor, Manuel Pereira Filho (Beleleu) teve problemas e Roberto Paulino teve de retornar a Escola por mais dois carnavais:
“Relíquias da Bahia” e “Histórias de Preto Velho”), obtendo dois terceiros lugares.


Observando-se que, em todos os cinco carnavais, Roberto Paulino com a colaboração de Darque Dias Moreira (sinhozinho), criou os enredos, figurinos e alegorias.

Ao passar a Presidência para o saudoso Juvenal Lopes, criou o bloco “Olha essa Língua”, que foi um grande sucesso.

Foi eleito Conselheiro Nato, em Assembléia Geral de 16/03/1980, na gestão de Ed Miranda Rosa e eleito “Baluarte”, em Assembléia Geral, realizada em 19/04/1998.

Escreveu um livro, no qual, relata toda a sua passagem pela Escola, denominado: “Do Country Club à Mangueira”.

DESTACO QUE:

Além de todos estes feitos pela Mangueira e consequentemente pelo Carnaval Carioca, Roberto Paulino teve uma participação importante, quando sugeriu juntamente com Heitor Quartin e aceito pelo Jornal "O Globo", a criação do prêmio "Estandarte de Ouro", que existe até hoje.


Eu e Roberto Paulino na noite de autógrafo do seu livro.

Roberto Paulino, sempre manteve excelente convívio com a comunidade, o que fez, até nos deixar.

É querido e respeitado em toda a Nação Mangueirense.

Texto de Raymundo de Castro.
(O Texto foi encaminhado ao Conselho Deliberativo e Fiscal, solicitando a concessão do título de Benemérito a Roberto Fernando Paulino, em 31 de Julho de 2005).



ROBERTO PAULINO



Cesar Romero e Raymundo Baluarte da Mangueira Mauro Alburquerque Baluarte Gerson Sammartino
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