Abastecimento de água no Morro de Mangueira



A Rua Visconde de Niterói dividia a localidade em duas partes: o lado do morro e o lado da linha férrea.

No lado da linha férrea, moravam muitas famílias que eram, ou foram funcionários da Central do Brasil.

Neste lado, a população chamava de “lado da linha” e ali existia um tubo de água da Companhia de Abastecimento, que devido a um furo, jorrava água dia e noite.

Os moradores do “Morro” munidos de latas, baldes e etc. colocavam os utensílios na cabeça, ou, usando a “balança”, que era uma maneira de levar duas latas penduradas nas extremidades de uma vara e posta nas costas, aproveitavam para fazer o abastecimento das suas casas.

Para ter acesso a este local, os moradores fizeram escadas cavadas no próprio barro do penhasco, e era por onde com a lata d’água na cabeça, subiam até a Rua Visconde de Niterói para ter acesso ao morro.

Era o único meio que grande parte do morro abastecia suas casas.

Era tanta gente querendo encher seus vasilhames que havia uma multidão fazendo fila com latas e muitas das vezes, havia verdadeiros tumultos.

Como eu trabalhava no armazém do meu pai, muitas vezes atravessei a Rua Visconde de Niterói para ficar no penhasco, assistindo as brigas e bate bocas.

Havia de tudo. Gente lavando roupas, outras tomando banho, crianças brincando e gente aproveitando a espera para conversar e se atualizar dos acontecimentos.

Por diversas vezes, funcionários da empresa de abastecimento de água estiveram no local para desativar esta sangria, que só não eram realizadas, por interseção do meu pai (Francisco de Castro), com o mesmo argumento de que somente na Rua Visconde de Niterói, algumas casas possuíam água encanada, o que não acontecia com o resto do morro e este local era único lugar onde os moradores abasteciam suas residências, se fechassem, a população do morro ia ficar totalmente desprovida de água, não havia outro meio.

Com este argumento, eles se comoviam e deixava a água continuar jorrando.

Isto era por volta dos anos quarenta. Não sei quando começou e nem quando terminou, mas, trago viva a lembrança destes acontecimentos.


ABASTECIMENTO DE ÁGUA NO MORRO DE MANGUEIRA




Cesar Romero e Raymundo Baluarte da Mangueira Mauro Alburquerque Baluarte Gerson Sammartino
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Personalizado por: José Milton A. de Castro |
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