Mestre Xangô: A Evolução

Xangô da Mangueira

Mestre Xangô: A Evolução

Texto de José Carlos Netto: Jornalista e Baluarte.
Publicado na revista "A Voz do Morro" edição Novembro/Dezembro 2002.
Neste Blog com a autorização do autor.




Certa ocasião, numa roda de sambistas, alguém falou da necessidade da retirada do quesito EVOLUÇÃO no regulamento do desfile das escolas de samba.

Mestre Xangô, ainda de ouvido bem apurado, foi taxativo:

"Peraí esse menino, a evolução é tal qual a bateria. Como pode uma escola desfilar sem ritmo e tampouco sem fazer evolução? Vocês não sabem da importância de uma boa evolução. È justamente neste quesito que está toda graça e a cadência de nossas pastoras. Se forçarem a retirada do regulamento desse quesito, sou contra. Sem o quesito evolução, o desfile das escolas acaba virando desfile de bloco de embalo."

Estava certo o Mestre Xangô.

Hoje se constata facilmente que a evolução, que ele se referia já não existe em certas escolas. Poucos são as que ainda mantém a mesma preocupação de seu Xangô.

O desfile de certas escolas realmente mais se parece com desfile de bloco. Por isso o julgamento do quesito está nivelado por baixo.

O quesito EVOLUÇÃO é claro e objetivo: ele visa justamente preservar a dinâmica do desfile para mostrar ginga e samba no pé. È por isso que as alas não podem retroceder e deve-se seguir em frente sempre procurando manter a cadência e harmonia em todos os setores.

Só que a evolução de hoje é muito diferente daquela preconizada por Mestre Xangô. Com o peso dos muitos apetrechos que se coloca nas fantasias e ainda a presença daquele componente de ocasião, fica difícil para qualquer ala evoluir como nos tempos idos.

È claro que o desfile ganhou mais riqueza e novos coloridos. Por outro lado perdeu a graça; a leveza; molejo; e requebro febril, coisas tão peculiares de nossas pastoras.

Como diz o Mestre Xangô, o desfile atual é uma verdadeira "corrida de ganso", sem nenhuma preocupação de cadência de evolução.

Uma escola de samba tem por base em seu desfile, o canto; o ritmo e evolução. Justamente os três fatores de maior relevância para o sucesso de uma boa apresentação. Só que ninguém mais ensaia ou se preocupa com a evolução.

Existe sim uma preocupação, acho até que exagerada, de se ensaiar passos marcado e coreografia especial para os vários setores da escola.

A época nostálgica, onde alas, pastoras e passistas eram cobrados em cima acabou.

Mas de maneira objetiva, a Mangueira continua rezando na cartilha do velho Xangô. O quesito EVOLUÇÃO, sem esquecer os demais, é requisito primordial para que a nossa escola faça sucesso no desfile.

A Mangueira posso afirmar, sem erro, é uma das poucas escolas que ainda se preocupa e apresenta evolução na Avenida. Isso pode ser explicado pela participação total das alas da comunidade. São elas que puxam a escola; segura o meio; e ainda fazem o fecho do desfile.

Pastoras e cabrochas da comunidade da Nação Mangueirense fazem isso com jeito matreiro; com ginga e acima de tudo com muita garra e cadência. Mesmo porquê, a palavra EVOLUÇÃO significa para a Estação Primeira de Mangueira a razão de sua própria existência. Afinal de contas, foi a nossa Mangueira a escola que mais EVOLUIU nesses setenta e um anos de desfile. Podem acreditar.

Xangô da Mangueira e José Carlos Netto
Xangô e José Carlos Netto


MESTRE XANGÔ: A EVOLUÇÃO




Cesar Romero e Raymundo Baluarte da Mangueira Mauro Alburquerque Baluarte Gerson Sammartino
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