Olivério Ferreira (Xangô), Baluarte.
O pai ao deixar a função de Fiel do Cais do Porto, comprou um sítio e passou a viver da lavoura, tempos depois, resolveu ir morar em São Paulo, deixando Olivério na casa de uma tia.
Neste período, "Olivério" passou a frequentar a Escola de Samba Unidos de Rocha Miranda, aprendendo a tocar tarol, tamborim, surdo e se revelando um bom cantor.
Conseguiu um emprego na fábrica de tecido Nova América, trabalhando na máquina de rolo e na penteadeira. Foi aí que surgiu o apelido, ganho numa brincadeira entre colegas de trabalho.
Brincalhão, "Olivério" tinha o hábito de colocar apelido em todos empregados recém-admitidos. Olhava para o sujeito e logo encontrava nas feições ou jeito do individuo, algo para fazer comparações com sua semelhança.
Num desses, ele olhou bem nas feições do novo colega e disse: - “De agora em diante teu nome vai ser “Macumba””. O colega, não gostando muito e também brincalhão, imediatamente retrucou: - “Se eu vou ser “Macumba”, você vai ser “Xangô””, como "Olivério" não tinha apelido, os colegas acharam engraçado, e apoiando o novato, começaram a rir e todos em tom de algazarra chamavam o novato de "Macumba" e o veterano colocador de apelido, “Xangô”.
Num desses, ele olhou bem nas feições do novo colega e disse: - “De agora em diante teu nome vai ser “Macumba””. O colega, não gostando muito e também brincalhão, imediatamente retrucou: - “Se eu vou ser “Macumba”, você vai ser “Xangô””, como "Olivério" não tinha apelido, os colegas acharam engraçado, e apoiando o novato, começaram a rir e todos em tom de algazarra chamavam o novato de "Macumba" e o veterano colocador de apelido, “Xangô”.
E nessa brincadeira de "Macumba" pra lá, "Xangô" pra cá, o apelido pegou.
- Como veem o apelido não teve nenhuma conotação de origem religiosa, e sim, de uma brincadeira entre colegas de trabalho.
Paralelo ao trabalho na Fábrica, Olivério continuou frequentando a "Unidos de Rocha Miranda", compondo diversos sambas, como: “Vem rompendo o dia”, “Entre nós está tudo terminado”, “Vai que um amor não me faz falta” e muitos outros.
Frequentava diversos blocos e Escolas de Samba e tornou-se muito popular. Era um grande “versejador” e no Partido Alto, era quase imbatível.
Assisti diversos embates entre ele e outros compositores e fiquei admirado com a sua facilidade em responder ao tema proposto.
Muito talentoso, foi se firmando no mundo do samba, sendo com isso, convidado para desfilar na Portela. Lá, fez muitos amigos, inclusive, o Paulo da Portela, que segundo o próprio Xangô, foi um dos seus melhores amigos.
Houve um desentendimento na Portela e o Paulo foi para Escola de Samba Lira do Amor e Xangô, o acompanhou. Foi neste período que Xangô passou a frequentar a Mangueira, participando de ensaios, pagodes, batucadas, partido alto e fazendo novos amigos, quando foi convidado para participar de um concurso de improvisadores, no qual, teve vários vencedores, inclusive, ele.
Com isso, foi convidado para compor a Direção de Harmonia da Escola, como 3º Diretor de Harmonia, cuja hierarquia era a seguinte:
1º Diretor: Angenor de Oliveira (Cartola).
2º Diretor: Mário Nogueira.
3º Diretor: Olivério Ferreira (Xangô).
Neste período, por iniciativa do Mário Nogueira (2º Diretor de Harmonia), a Mangueira desfilou usando pela primeira vez o megafone nos desfiles das Escolas de Samba, sendo mais uma vez, pioneira em inovações e seguida pelas coirmãs nos desfiles seguintes.
Em 1945 Por convite de Cartola, Xangô ingressou na Ala dos Compositores, na qual, participavam: Chico Porrão, Tinguinha, Mestre Candinho, Carlos Cachaça, Sinhôzinho, Efigênia e outros...
Em 1948, Xangô estreou como interprete de Samba Enredo, interpretando o samba: “O vale do São Francisco”. Este samba foi feito por Alfredo Português e Nelson Sargento.
O samba feito por Cartola e Carlos Cachaça com o mesmo tema, não foi apresentado (assunto para outra postagem).
Xangô foi o intérprete oficial da Mangueira nos desfiles até o ano de 1951, quando foi substituído por José Bispo Clementino dos Santos (Jamelão).
Na década de 60, Xangô adoeceu e se afastou da Direção de Harmonia da Escola, sendo muito bem substituído pelo seu aluno, José Carlo Netto, Jornalista e eleito Baluarte em 29/12/2011.
Após quatro anos, retornou a escola assumindo mais uma vez, a Harmonia da mesma.
Trabalhou junto ao Haroldo Costa no Teatro Opinião, ali, conviveu com artistas de reconhecimento nacional e internacional.
- Participou do Projeto Pixinguinha.
- Levou o samba para São Paulo e Japão, num trabalho pioneiro.
- Trabalhou na RIOTUR, liderando um movimento de reorganização de desfiles.
- Participou da fundação da Escola de Samba Mirim “Corações Unidos do CIEP” em agosto de 1985. Perdurando como seu Presidente de Honra até a data atual.
- Em 19 de Abril de 1998, foi eleito Baluarte da Estação Primeira de Mangueira. Faleceu em 07 de Janeiro de 2009.
Alguns termos inventados por Xangô:
- “passar manteiga na venta do gato”.
- “Remandiola”.
Este termo "Remandiola" ficou integrado ao Movimento de Construção do Palácio do Samba, com a criação da Ala da Remandiola. Toda pessoa que contribuísse com CR$1.000,00 (um mil cruzeiros) como ajuda para esta construção, além de adquirir o título de Comendador do Samba, passava a fazer parte da Ala da Remandiola.