FRANCISCO JOSÉ RIBEIRO
Teve um filho antes do casamento de nome Argemiro, casou-se com Guiomar Pimenta Ribeiro, irmã de Waldomiro Thomé Pimenta (diretor de Bateria). Deste casamento teve uma filha cujo nome é Rení, fora deste casamento teve duas filhas: Léa de Araújo, atualmente Baluarte da Escola, ocupando a cadeira n° 13 e, Wivaldina da Conceição, já falecida. Trabalhou na estiva até se aposentar.
O APELIDO “CHICO PORRÃO”:
Segundo o relato de Elmo José dos Santos, Francisco José Ribeiro quando jogava futebol, na bola dividida ia com tudo, se a bola passasse, o adversário não passava, ele ia pra cima, derrubando-o e dando a maior “porrada” na bola, ou no cara, ele não dava mole pra o azar. Para quem estava assistindo, era um tremendo “porradaço”. Por isso, quando se referiam a ele, o chamavam de “Chico Porrão”, dando origem ao apelido que o acompanhou até o final da vida.
Após a sua aposentadoria, passou a escrever o “jogo do bicho” e devido a sua condição financeira e conhecimento, tornou-se um pequeno banqueiro nesta modalidade de jogo.
Morava numa casa no morro, na localidade chamada “Olaria”, cujo acesso, era feito por uma subida que existia na Rua Visconde de Niterói, entre a padaria que pertencia à família Matos e uma Carvoaria.
Gostava de ficar no quintal da casa sentado atrás de uma cerca, quando eu passava pelo local, sempre parava para conversarmos. A conversa se prolongava mais, quando eu estava acompanhado do Beleleu.
Neste período eu ainda não participava ativamente da Escola de Samba. Tudo isto que estou narrando, aconteceu antes de 1958.
O Chico usava um cordão de ouro e diversos anéis.
AMOR E DEDICAÇÃO AO GRÊMIO
Possuía a carteira de sócio n° 01 e era considerado um Patrono por seu amor ao Grêmio, demonstrados em suas doações, um exemplo: pelas dificuldades enfrentadas pela Escola no início, chegou ao ponto de doar a pia de sua casa para ser colocada na Sede da Escola.
A construção da Sede na Travessa Saião Lobato, foi feita com doações de material e mão de obra oferecida por seus componentes, entre eles, Chico Porrão.
Durante muitos anos, doou cetim para a confecção das fantasias dos componentes da Bateria da Escola.
Consta, também, das minhas lembranças, a Sede sem portas e sem janelas, a ponte que atravessava o valão e dava acesso para a Sede da Escola, e a subida para as localidades denominadas, “Pindura-Saia” e “Inferninho”.
Lembro-me que para o carnaval de 1958, enredo “Canção do Exílio”, houve uma demora na compra do tecido, acompanhei bem de perto porque a distribuição foi feita pelo “Beleléu” e os componentes da Bateria ficaram concentrados no Armazém desativado que pertenceu a meu pai.
Foi Tesoureiro do Grêmio e ensaiador da Escola em substituição ao senhor Júlio Dias Moreira. Criou a Roda das Bahianas (o modo de desfilar das Bahianas girando em rodopio), comandava o ensaio com uma varinha de marmelo, com a qual, batia nas pernas das pastoras para que entrassem no ritmo determinado por ele.
Dir/Esq: Chico Porrão, Maria Helena Coutinho e Gasolina (Manoel Oliveira).
Maria Helena Alves Coutinho, pastora antiga da Escola, desfilou pela primeira vez aos seis anos fantasiada de baianinha, aos doze, desfilou como Baiana e em 1963 fundou a Ala “Ninguém É de Ninguém”, entregando-a em 1993, quando começou desfilar pela Galeria da Velha Guarda.
Atualmente Maria Helena Coutinho, filha de “Leleza” (Joaquim Barbosa) com Leonor Efigênia, é Baluarte do nosso Grêmio, eleita em 05 de Setembro de 2009, ocupando a Cadeira 19.
Numa entrevista concedida a mim, ela contou que ensaiou sob o comando do Chico Porrão e ele era muito rigoroso durante os ensaios.
Chico Porrão ensaiando as pastoras
Durante os mesmos, ele segurando sempre uma varinha de marmelo, quando sentia que a pastora fugia do que ele determinava, dava um pequeno toque com a varinha nas pernas da pastora, colocando-a no ritmo desejado.
A Maria Helena sabendo desse rigor, ensaiava com firmeza e disposição e nunca foi chamada a atenção pelo Chico.
Ela relata que ele sempre se apresentava trajando uma calça de linho branca e camisa de seda e que durante os ensaios ele dava um descanso de vinte minutos e levava as pastora para o bar do local de ensaios e pagava uma rodada de refrigerante para todas.
Na festa de Nossa Senhora da Penha em Outubro, alugava uma barraca para abrigar as pastoras que o acompanhava, sempre com muita ordem e respeito.
O Chico como Diretor de Harmonia, comandou a escolha do substituto do Mestre-Sala Jorge Marques (Jorge Rasgado), que havia falecido em 25 de Dezembro de 1953, segundo relato do Delegado, o Chico dirigiu-se a ele dizendo o seguinte: “- Haverá uma disputa para a vaga de Mestre-Sala e concorrerão você e Arilton Ferreira, vencerá quem se apresentar melhor!”.
CARNAVAL DE RUA E SUAS FANTASIAS
- No período de carnaval, aflorava o seu espírito carnavalesco fazendo sempre uma fantasia diferente, com a qual, saia a rua, isoladamente.
Fazia fantasia de “Bebê Chorão”, “Odalisca”, “Damas”, entre outras...
Fantasia: Bebê Chorão
Fantasia: Odalisca
Fantasia: Rei Momo
O Chico Tirava proveito do seu porte gordo para divertir a todos, incorporando seus personagens com suas fantasias e seu humor.
PALANQUE PARA ASSISTIR OS ENSAIOS
A casa onde morava dava fundos para a Quadra de Ensaios da Mangueira e no quintal dos fundos, ele construiu um palanque, onde de lá, podia-se assistir os ensaios, digamos, com certo conforto. E assim foi até a construção do Palácio do Samba.
CAMAROTE
Na gestão do Elmo José dos Santos, no batismo dos camarotes, o Chico foi homenageado com o seu nome no camarote nº 09: "CAMAROTE CHICO PORRÃO".
FAMA DE VALENTE
Para se destacar a fama de “valente” que o acompanhava, tenho a lembrar de um episódio que é destacado em livros e revistas da época do acontecimento.
No carnaval de 1941, o Paulo da Portela (Paulo Benjamin de Oliveira), sentindo-se totalmente desprestigiado por Manuel Bambambam (Manuel Gonçalves), por ter sido impedido de desfilar pela Portela, foi dormir na casa de Cartola, em Mangueira. Pela manhã, ao vê-lo cabisbaixo e muito constrangido, Cartola e Carlos Cachaça querendo dar-lhe força e consolá-lo, acabaram o convencendo a voltar à Osvaldo Cruz e tentar uma conciliação com Manuel Bambambam.
Prontificaram-se a acompanha-lo, mas, por medida de precaução e temer uma reação de “Bambambam” (considerado valentão), convidaram o Chico Porrão (considerado também, valentão) para acompanha-los, prevendo-se um confronto. Felizmente isto não aconteceu, o “Alvaiade” interviu e não houve o que se temia.
O motivo deste fato narrado acima é mostrar um exemplo de respeito que todos tinham por Chico Porrão. Com o seu caráter conciliador, solidário e um mangueirense de coração.
Nota:
Alguns que acompanhavam os blocos tinham a fama de “Valente” por serem os defensores do Estandarte que ia a frente do desfile e era o motivo do ataque dos blocos rivais, já que a intenção era tirar o Estandarte do outro, o que representava um troféu de força e poder.
Alguns que acompanhavam os blocos tinham a fama de “Valente” por serem os defensores do Estandarte que ia a frente do desfile e era o motivo do ataque dos blocos rivais, já que a intenção era tirar o Estandarte do outro, o que representava um troféu de força e poder.
Nestas investidas, quase sempre acabavam em confusão e os defensores tinha que ser destemidos.
FOTOS CEDIDAS POR:
Léa de Araújo e Maria Helena Coutinho
CHICO PORRÃO - FRANCISCO JOSÉ RIBEIRO