Largo do Sossego



LARGO DO SOSSEGO

Esta postagem está exatamente como meu pai deixou, está transcrita, na íntegra.


Para irmos ao Largo do Sossego, tínhamos dois acessos. Um saindo da Quadra, passava-se em frente ao “Só Para Quem Pode” (botequim/tendinha), que pertencia ao Walter Policarpo, hoje, é uma Igreja Evangélica, subia-se um pequeno trecho e estávamos no Largo do Sossego, do outro lado, ainda na Rua Visconde de Niterói, tínhamos, também, um acesso em forma de escada, feita do barro, ao lado da casa da Neuma, onde ficava estacionada uma caçamba, para a coleta do lixo e tinha mais um acesso pelos fundos, local denominado Largo do Careca (existente até hoje).

O Largo do Sossego ficava num elevado onde existiam diversos painéis com propagandas direcionadas para a ponte existente na época, da qual restou o trecho que liga a Rua São Francisco Xavier a Rua Santos Melo (Vila Olímpica).Existiam tanques para a lavagem de roupas, cordas e varais e um pequeno quaradouro de capim, para a secagem de roupas, atravessado por uma pequena vala, na qual, era jogada a água depois de usada.

Em volta do local, moravam Irene, Isaura, Nena e diversas mulheres que usavam o local lavando roupa. Umas lavavam, outras olhavam, cantavam e discutiam muito, bebiam muita cerveja, quando não tinham condições de comprar, aos conhecidos que passavam pediam que pagasse uma, e quando a intimidade era grande, praticamente, intimavam. No Largo tinha a tendinha do Manuel, filho do Chicão, o que ajudava na compra de bebida.

Ao perguntarem a Neuma o motivo de chamarem o local de “Largo do Sossego”, ela respondeu: “- Este nome é uma ironia dos moradores, existiu um período em que malandro ali, não dava sossego a ninguém e com isso, ironicamente os moradores passara a chamar de “Sossego””.

Nos finais de semana, era comum, por se encontrar ao lado da casa da Neuma, juntarem-se no local moradores do Morro, componentes da Escola e visitantes, contanto causos, cantando samba, com tiradas de Partido Alto. Era muito divertido, cada um se acomodava como podia. 

Existia um portão que ligava a casa da Neuma ao Largo, por ser o acesso ao telefone que ficava na janela. Só existiam três telefones no Morro: no Armazém do meu pai, na Neuma e na Dona Efigênia.

Aqui meus amigos, está uma descrição bem modesta do que foi o Largo do Sossego, com muita tradição em Mangueira.

Já existiu, não existe mais. Fica como recordação.


LARGO DO SOSSEGO
Cesar Romero e Raymundo Baluarte da Mangueira Mauro Alburquerque Baluarte Gerson Sammartino
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© Autor: Raymundo de Castro - 2017. Todos os direitos reservados.
Personalizado por: José Milton A. de Castro |
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