Xangô da Mangueira, Melão e Jamelão: Por Roberto Paulino


Roberto Paulino

Roberto Paulino: Presidente da Estação Primeira 1959/1962 e bicampeão nos desfiles de 1960 e 1961, Baluarte, Presidente de Honra e Jornalista.



Por indicação do Roberto Paulino, fui eleito Baluarte, e em reunião do Conselho Superior, por minha indicação, o Roberto Paulino foi eleito Presidente de Honra.

Nossa amizade começou na década de 1950, com a sua eleição para Presidente do Grêmio.

Após a sua eleição para o cargo de Presidente de Honra da Estação Primeira de Mangueira, em um encontro que tivemos, passamos a relembrar a nossa vivência na Escola. Nessa conversa, surgiram os nomes destes três baluartes: Jamelão, Melão e Xangô.

Jamelão, Melão e Xangô da Mangueira
Edição/imagens: José Milton
O resultado deste "bate-papo, foi um artigo escrito pelo Roberto, o qual, com a autorização do autor, transcrevo na íntegra abaixo:

Jamelão
(José Bispo Clementino dos Santos)


Os nomes de Jamelão e Mangueira são indissociáveis, se confundem e se misturam. Um dos melhores cantores do Brasil, Jamelão é reconhecido unanimemente como o melhor intérprete de samba-enredo de todos os tempos.

E, por favor, não digam jamais que ele foi um puxador de samba-enredo, Jamelão ficava enfurecido.

José Bispo Clementino dos Santos, o Jamelão, começou sua vida artística em dancings, como a grande maioria dos cantores de sua época. Foi um dos melhores interpretes de Lupicínio Rodrigues.

Jamelão sempre trabalhou muito em shows, em cansativas viagens pelo Brasil. Por isso, muitas vezes, ia a festas da Mangueira e de outras escolas muito cansado.

Depois de algumas – muitas – bebidas e muitos copos de cervejas, cochilava. E o samba continuava. De repente, acordava e entrava imediatamente no samba, no tom perfeito que o caracterizava.

O mais impressionante em Jamelão, além da perfeita afinação melódica, é que não se perdia uma simples sílaba do que cantava.

Aliás, Jamelão tinha muita facilidade para dormir. Xangô contava que tomava os maiores sustos com ele. Os dois voltavam de festas e farras sempre de bonde no estribo.

Eu ficava com o maior medo – contava Xangô – de que numa curva, ele desse com a cabeça num poste; mas justo nessa hora, ele dava uma gingada, acordava e jamais aconteceu coisa alguma.

Além da cara amarrada, de aparente constante mau humor, escondia-se uma pessoa alegre, gozador, de fino e inteligente humor, sempre pronto a brincar, a gozar alguém.

Nos tempos românticos das escolas de samba, quando havia festas, tardes e noitadas de samba em todas elas, a presença de Jamelão era constante, sempre uma estrela bem-vinda e querida.

No dia do desfile – que era apenas no domingo – Jamelão, desde a manhã, saia correndo pelas chamadas co-irmãs, cantando e bebendo, unindo todo mundo, fazendo esquecer as naturais rivalidades. Duas vezes fiz esta peregrinação com ele. E foi muito bom.

Com aquela cara amarrada, sisudo, jeito de poucos amigos o cantor era um sujeito bom, amigo, fiel, bom companheiro, excelente caráter, sicero.

Músico competentíssimo, ele modificou ligeiramente – sempre para melhor – muitos sambas-enredo da Estação Primeira, sem chamar atenção, sem humilhar ninguém. Ele me ajudou muito, a saber ouvir um samba-enredo, analisá-lo, a julgar se era bom ou não para o desfile, em que tom deveria ser cantado, qual o andamento da bateria. Sabia tudo de música, principalmente de samba-enredo.

Melão
(Moacyr de Abreu Castelo Branco)


Melão sabia tudo de carnaval. Na Mangueira fez de tudo, sem jamais cobrar nada. Ao contrário, muitas vezes mexeu no próprio bolso para ajudar.

Foi carnavalesco, aderecista, coreógrafo da Comissão de Frente - quando era representada pela Ala dos Duques. E, que eu saiba, jamais perdeu um ponto sequer.

Foi também coreógrafo e ensaiador da Ala das Baianas, sempre com grande sucesso. Grande figura, Baluarte merecido e insubstituível.

Xangô da Mangueira
(Olivério Ferreira)


Xangô da Mangueira, Olivério Ferreira, Baluarte desde que o grupo honorífico foi fundado por Elmo José dos Santos.

A cara sempre fechada, séria, escondia uma personalidade brincalhona, um homen fino, uma liderança muito forte. Foi com ele que aprendi quase tudo que sei de samba e tudo o que sei de desfile.

Xangô armava a Estação Primeira com incrível facilidade e competência. Dizia-se que Xangô, quando era diretor de harmonia, armava a Estação Primeira com três apitos. E era verdade. Extremamente sério e responsável, não cedia um milímetro quando se tratava do interesse da escola.

Com ouvido musical perfeito, sabia com clareza quando ia mal, quando havia perigo de atravessar, quando uma Ala estava fora do rítmo, quando havia a necessidade de atrasar ou adiantar um desfile.

Xangô na harmonia era garantia de sucesso.

Uma vez, durante um ensaio no Cerâmica, conversávamos no meio da quadra. Num momento a bateria desafinou. Saiu do tom, um horror. Xangô disse apenas, vou dar um jeito nisso. E saiu tranquilo, gingando, em direção à bateria. Parou em frente a ela e apurou o ouvido. De repente, deu um salto para a frente, apontou para um tamborim bem lá no fundo, fez um gesto característico e disse enérgico: "Para".

O tamborim calou-se e a bateria voltou imediatamente ao rítmo certo. Ele descobria um tamborim fora do tom entre dezenas de instrumentos.

Um dos melhores partideiros (cantadores e dançarinos de Partido Alto) de todas as escolas, reconhecido e respeitado em todos todos os lugares, quando Xangô entrava na roda era garantia de que o samba ia até o amanhecer.

Seu porte altivo de Rei Zulu fazia com que Xangô se destacasse durante os desfiles. Deslizava pela passarela e escorria por entre as alas, as baianas inclusive, com seu bastão de comando em riste e com altivez nata.

Dizia tudo sem espalhafato, ao contrário do que é bem comum se ver hoje. Sem gritos. Com gestos suaves, mas firmes e precisos, com energia e sensibilidade, com absoluta eficiência.

Até o fim, quando já desfilava no carro dos baluartes, jamais deixava de dar um volta pela armação da escola, para conferir se tudo estava bem. Era um lider.

Xangô era muito vaidoso, vestia-se com apuro e bom gosto. Preferia o branco ou cores discretas. Era naturalmente elegante, mas na hora do desfile despia-se da vaidade e calçava as sandálias da humildade.

Sempre a Estação Primeira cuidava para que sua fantasia estivesse de acordo com a importância do cargo e dele próprio.

Eram luxuosas, vistosas, mas muitas vezes vi Xangô tirar o casaco, deixar de lado o chapéu para que pudesse evoluir com liberdade e rapidez entre as alas. Mangueira em primeiro lugar.

Xangô era naturalmente muito engraçado. Fazia piadas e inventava palavras, termos novos, sempre com muito humor, para designar situações.

Parangolé, usado por Hélio Oiticica para designar algumas de suas obras, foi inventado por Xangô. Queria dizer engodo, malandragem, conversa fiada.

Enfim, a vida de Xangô não pode ser contada em um artigo. Foi grande demais, importante demais, até o fim, quando se tornara artísta respeitado e homenagiado principalmente por seus colegas.


XANGÔ DA MANGUEIRA, MELÃO E JAMELÃO: POR ROBERTO PAULINO

Abastecimento de água no Morro de Mangueira



A Rua Visconde de Niterói dividia a localidade em duas partes: o lado do morro e o lado da linha férrea.

No lado da linha férrea, moravam muitas famílias que eram, ou foram funcionários da Central do Brasil.

Neste lado, a população chamava de “lado da linha” e ali existia um tubo de água da Companhia de Abastecimento, que devido a um furo, jorrava água dia e noite.

Os moradores do “Morro” munidos de latas, baldes e etc. colocavam os utensílios na cabeça, ou, usando a “balança”, que era uma maneira de levar duas latas penduradas nas extremidades de uma vara e posta nas costas, aproveitavam para fazer o abastecimento das suas casas.

Para ter acesso a este local, os moradores fizeram escadas cavadas no próprio barro do penhasco, e era por onde com a lata d’água na cabeça, subiam até a Rua Visconde de Niterói para ter acesso ao morro.

Era o único meio que grande parte do morro abastecia suas casas.

Era tanta gente querendo encher seus vasilhames que havia uma multidão fazendo fila com latas e muitas das vezes, havia verdadeiros tumultos.

Como eu trabalhava no armazém do meu pai, muitas vezes atravessei a Rua Visconde de Niterói para ficar no penhasco, assistindo as brigas e bate bocas.

Havia de tudo. Gente lavando roupas, outras tomando banho, crianças brincando e gente aproveitando a espera para conversar e se atualizar dos acontecimentos.

Por diversas vezes, funcionários da empresa de abastecimento de água estiveram no local para desativar esta sangria, que só não eram realizadas, por interseção do meu pai (Francisco de Castro), com o mesmo argumento de que somente na Rua Visconde de Niterói, algumas casas possuíam água encanada, o que não acontecia com o resto do morro e este local era único lugar onde os moradores abasteciam suas residências, se fechassem, a população do morro ia ficar totalmente desprovida de água, não havia outro meio.

Com este argumento, eles se comoviam e deixava a água continuar jorrando.

Isto era por volta dos anos quarenta. Não sei quando começou e nem quando terminou, mas, trago viva a lembrança destes acontecimentos.


ABASTECIMENTO DE ÁGUA NO MORRO DE MANGUEIRA




Mestre Xangô: A Evolução

Xangô da Mangueira

Mestre Xangô: A Evolução

Texto de José Carlos Netto: Jornalista e Baluarte.
Publicado na revista "A Voz do Morro" edição Novembro/Dezembro 2002.
Neste Blog com a autorização do autor.




Certa ocasião, numa roda de sambistas, alguém falou da necessidade da retirada do quesito EVOLUÇÃO no regulamento do desfile das escolas de samba.

Mestre Xangô, ainda de ouvido bem apurado, foi taxativo:

"Peraí esse menino, a evolução é tal qual a bateria. Como pode uma escola desfilar sem ritmo e tampouco sem fazer evolução? Vocês não sabem da importância de uma boa evolução. È justamente neste quesito que está toda graça e a cadência de nossas pastoras. Se forçarem a retirada do regulamento desse quesito, sou contra. Sem o quesito evolução, o desfile das escolas acaba virando desfile de bloco de embalo."

Estava certo o Mestre Xangô.

Hoje se constata facilmente que a evolução, que ele se referia já não existe em certas escolas. Poucos são as que ainda mantém a mesma preocupação de seu Xangô.

O desfile de certas escolas realmente mais se parece com desfile de bloco. Por isso o julgamento do quesito está nivelado por baixo.

O quesito EVOLUÇÃO é claro e objetivo: ele visa justamente preservar a dinâmica do desfile para mostrar ginga e samba no pé. È por isso que as alas não podem retroceder e deve-se seguir em frente sempre procurando manter a cadência e harmonia em todos os setores.

Só que a evolução de hoje é muito diferente daquela preconizada por Mestre Xangô. Com o peso dos muitos apetrechos que se coloca nas fantasias e ainda a presença daquele componente de ocasião, fica difícil para qualquer ala evoluir como nos tempos idos.

È claro que o desfile ganhou mais riqueza e novos coloridos. Por outro lado perdeu a graça; a leveza; molejo; e requebro febril, coisas tão peculiares de nossas pastoras.

Como diz o Mestre Xangô, o desfile atual é uma verdadeira "corrida de ganso", sem nenhuma preocupação de cadência de evolução.

Uma escola de samba tem por base em seu desfile, o canto; o ritmo e evolução. Justamente os três fatores de maior relevância para o sucesso de uma boa apresentação. Só que ninguém mais ensaia ou se preocupa com a evolução.

Existe sim uma preocupação, acho até que exagerada, de se ensaiar passos marcado e coreografia especial para os vários setores da escola.

A época nostálgica, onde alas, pastoras e passistas eram cobrados em cima acabou.

Mas de maneira objetiva, a Mangueira continua rezando na cartilha do velho Xangô. O quesito EVOLUÇÃO, sem esquecer os demais, é requisito primordial para que a nossa escola faça sucesso no desfile.

A Mangueira posso afirmar, sem erro, é uma das poucas escolas que ainda se preocupa e apresenta evolução na Avenida. Isso pode ser explicado pela participação total das alas da comunidade. São elas que puxam a escola; segura o meio; e ainda fazem o fecho do desfile.

Pastoras e cabrochas da comunidade da Nação Mangueirense fazem isso com jeito matreiro; com ginga e acima de tudo com muita garra e cadência. Mesmo porquê, a palavra EVOLUÇÃO significa para a Estação Primeira de Mangueira a razão de sua própria existência. Afinal de contas, foi a nossa Mangueira a escola que mais EVOLUIU nesses setenta e um anos de desfile. Podem acreditar.

Xangô da Mangueira e José Carlos Netto
Xangô e José Carlos Netto


MESTRE XANGÔ: A EVOLUÇÃO




Habitação no Morro de Mangueira: Como tudo começou

Habitação no Morro de Mangueira: Como tudo começou


Com a vinda da família Imperial para o Brasil, a mesma se alojou na Quinta da Boa Vista. Tornando-se São Cristóvão o bairro aristocrático do Rio de Janeiro, e, em cujos fundos, estava o atual Morro da Mangueira.

Na vertente Norte do morro, que compreende a atual Rua São Luiz Gonzaga, foi criado o caminho para Minas Gerais e São Paulo.

Por determinação de Dom Pedro II, foi feito um reservatório para armazenar a água captada em Tinguá, no local denominado "Morro do Pedregulho".

A vertente Sul do morro começou a adquirir evidência e a ser mais freqüentada com a entrada e  o funcionamento da linha da Estrada de Ferro "Dom Pedro II", depois, "Central do Brasil", e, atualmente "SuperVia", cujo serviço de transporte de passageiros para o subúrbio, foi inaugurado em 16 de maio de 1861.

Em 10 de agosto de 1889, foi inaugurada a Estação de Mangueira, entre a de São Cristóvão e a de São Francisco.

Portanto, em termos ferroviários, Mangueira nunca foi estação primeira. Porém, segundo Cartola, "era a primeira estação que tinha samba".


- Este assunto é muito bem abordado no livro “Fala Mangueira”.
Autores:
Marília T. Barbosa da Silva,
Carlos Cachaça,
Arthur L. de Oliveira Filho.

Nota:
Marília Barbosa foi Diretora Cultural na gestão do senhor Djalma dos Santos, na qual, eu participei.

Habitação no Morro de Mangueira: Como tudo começou



Mangueira em sua viagem a Madrid em 1972


Pesquisa: Raymundo de Castro.

Em 1972 enviamos um grupo de componentes a Madrid (Espanha), para se exibir como apresentação principal no Estádio Santiago Bernabeu, referente à XV Demonstração Sindical, patrocinado pelo governo da Espanha.

Nesta comemoração havia desfiles de representantes de diversas partes do mundo e com a presença do Generalíssimo Franco, Presidente de Espanha.

CHEGADA A MADRID.

Mangueira em sua viagem a Madrid em 1972
Foto: Acervo/ Aparecida.
Cima/Baixo: Carlinhos (Pandeiro de Ouro), Ciro Ramos, Mocinha, Natalina, e Aparecida.

Alojamo-nos em um hotel indicado pelo governo de Madrid e fizemos uma exibição em volta da piscina, com a presença da imprensa para que fosse divulgada a nossa presença e a apresentação que realizaríamos no Estádio.

COMPONENTES NA PISCINA DO HOTEL.

Mangueira em sua viagem a Madrid em 1972
Foto/Acervo: Aparecida.
Frente/Fundo: Zinha, Ciro Ramos, Xangô (de camisa estampada).

Na televisão foi divulgada a nossa apresentação, aparecendo passistas e componentes exibindo-se somente da cintura para cima. Os divulgadores tinham a preocupação de não deixar aparecer no vídeo, imagens com a parte inferior do corpo.

Xangô (Olivério Ferreira), ao assistir a chamada para o desfile que seria realizado no estádio, se decepcionou, com isso, preparou um desfile digno e igual ao que ele estava acostumado a realizar no Brasil.

Levamos um total de setenta componentes, sendo quinze destes, ritmistas sob o comando de Xangô.

AEROPORTO DE MADRID
Foto/Acervo: Aparecida.
Esq/Dir:Chininha, Aparecida (Destaque), Carlinhos (Pandeiro de Ouro), Darcy (Compositor) com o violão e, Zequinha (Mestre-Sala).


FAZIA PARTE DO GRUPO:

COMPOSITOR: Darci Fernandes Monteiro (Darci da Mangueira).

INTÉRPRETE: Jamelão (José Bispo Clementino dos Santos).

DESTAQUES: Zinha (Elazir Miranda), Maria Ramos, Aparecida (Maria Aparecida Duarte), Natalina Castelo Branco.

PASSISTAS: Jorge Barraqueiro, Rochinha (Rochelane Ferreira), Maria Helena (esposa do Neto), Landinha, Sueli (filha de Dalila, irmã da Neuma). Carlinho Pandeiro de Ouro (que formava o Trio), Pimpolho, (fez malabarismo com o pandeiro).

DIRETORES: Pedro Paulo, Alcyone Barreto, Melão (Moacyr Castelo Branco), Ciro Ramos.

DIRETOR DE HARMONIA: Xangô (Olivério Ferreira).

MESTRE-SALA: Zequinha (José Carlos da Silva).

PORTA-BANDEIRA: Mocinha (Rivailda Nascimento de Souza).

TAMBÉM FAZIAM PARTE DESTE GRUPO: - Waldyr José Claudino, - Chininha (Eli Gonçalves - filha da Neuma), *Ceci (Elci Gonçalves - filha da Neuma).


*Nota 1:
- Ceci com sua habilidade em tocar diversos instrumentos, deu um show a parte.

- A Mangueira desfilou no dia 1º de Maio representando o Brasil juntamente com Delegações de outros países e foi realizado um desfile em volta do campo de futebol. Na apresentação da Delegação brasileira, foi ovacionada pelo público presente.

Quando da apresentação em frente ao palanque que se encontrava o General Franco, a passista Rochinha (Rochelane Ferreira) sambou como uma verdadeira passista, dando tudo pela sua apresentação e no final, sambando, com muita ousadia, virou-se de costas para o palanque do Presidente, com a paradinha do samba, deu um pulinho e com isso, a saia levantou um pouco, mostrando a parte do tecido das nádegas.

Foi o bastante para que a impressa divulgasse o ato como um desrespeito ao Presidente, Generalíssimo Franco.

O General Franco foi à defesa da Passista, declarando ser uma coisa normal neste tipo de apresentação do carnaval no Brasil e não se sentiu desrespeitado com o desempenho da artista, que a impressa não entendia de samba e não podiam condenar.

Após a apresentação no Estádio, voltaram para o Brasil trinta componentes.

O grupo que ficou na Espanha realizou diversas apresentações em recinto fechado na cidade de Bilbao. Estava programada uma visita a Portugal, o que não houve, porém, permaneceram por mais de trinta dias na Espanha.

DESTAQUES

Viagem a Madrid
Fotos: Acervo/ Aparecida.
Zinha (Elazir Miranda) e Aparecida (Maria Aparecida Duarte). Zinha (Elazir Miranda) e Aparecida (Maria Aparecida Duarte).

Aparecida nos diz que na entrada do Clube, em Bilbao, afixaram um cartaz de chamada para o evento e na foto do cartaz, ela estava com a sua fantasia de “Destaque”, o que foi motivo de polêmica no grupo, por que todos achavam que as fotos de chamada deveriam ser de “Passista” e não de “Destaque”.



*Nota 2:
- Na verdade, o cartaz com a foto de “Destaque” tinha uma razão de ser: - Devido à censura, não era permitido mostrar as pernas e esta fantasia era a mais adequada, por cobrir todo o corpo.

- Estava programada uma visita a Portugal, o que não houve, porém, o grupo que ficou, permaneceu por mais de trinta dias na Espanha.


MANGUEIRA EM SUA VIAGEM A MADRID EM 1972
Pesquisa: Raymundo de Castro.

COLABORARAM:
Maria Aparecida Duarte,
Squel (Porta-Bandeira),
Eli Gonçalves (Chininha) e,
Pedro Paulo Lopes.






O retorno na passarela no Carnaval de 1984 e o Supercampeonato


Pesquisa: Raymundo de Castro.

Enredo: Yes, nós temos Braguinha
ENREDO: Yes, Nós Temos Braguinha.


O RETORNO


Nesta postagem, relatarei o que realmente aconteceu no desfile do carnaval de 1984, quando a Mangueira fez o retorno pela passarela que acabara de desfilar.

COMO FOI PLANEJADA A REALIZAÇÃO DESTE FEITO,
DESCONHECIDO POR MUITOS.

O ano de 1984 foi um ano marcante para o carnaval carioca, destacando-se a inauguração do sambódromo e a realização de um supercampeonato para definir a campeã oficial do carnaval.

O SAMBÓDROMO.

O governador Leonel Brizola ao assistir o desfile das escolas de samba, concluiu que a beleza do espetáculo merecia um local mais amplo e confortável para o público que o assistia e convidou o arquiteto Dr. Oscar Niemeyer para projetar a construção de uma passarela digna deste espetáculo, em lugar da existente. Entregou ao professor Darcy Ribeiro a supervisão desta obra.

Para que ela não fosse somente utilizada durante o período de carnaval, Niemayer projetou os camarotes para que, após o carnaval, eles pudessem ser aproveitados como salas de aula, transformando-os em um CIEP, e no final da passarela solicitou que fosse feita uma praça, que o Darcy batizou de “Praça da Apoteose”.

Nota: O sambódromo foi construído em 4/5 meses.


PRAÇA DA APOTEOSE:
Praça da Apoteose, desfile da Mangueira em 1984

No conceito do professor Darcy Ribeiro, haveria uma apoteose na qual, os carros alegóricos dariam uma volta e ficariam parados e os componentes sambariam entorno dos mesmos, dando voltas sambando e exibindo-se para os turistas.

Só que ao expor as suas ideias para as empresas de turismo, elas acharam que não era interessante fazer o desfile para os turistas na praça. Alegando que os turistas queriam ver a evolução das Escolas em toda a extensão da passarela, assistindo o desfile do início ao fim.

Mas mesmo assim, o professor insistia em que todas as Escolas fizessem a exibição apoteótica e se não o fizessem perderiam pontos, em “Harmonia” e “Conjunto”.
Pedro Paulo Lopes
Pedro Paulo Lopes.
Foto do acervo de Maria Helena A. Viera.

Na época, Pedro Paulo (secretário da Escola e coordenador da Comissão de Carnaval da Mangueira) participava da equipe que assessorava Darcy Ribeiro na construção do Sambódromo, então, ele chegou para o Professor Darcy e disse:

“Professor, a praça é pequena, como é que nós vamos fazer isso?... Aquele espaço ali vai dar pra enfileirar seis alegorias?... Como é que vai ser feito?”. Então Darcy respondeu: “Não, o espaço lá vocês se viram! Vocês é que são donos do espetáculo, sabem o que fazer!”.

O Pedro Paulo continuou argumentando:

“Professor, esta volta na Apoteose vai ser uma coisa demorada... tem os imprevistos, pode ter problema com os carros... o tempo é curto... tem os minutos que a Escola tem de cumprir, é o primeiro ano na passarela, aquela apoteose pode atrasar a Escola, não sabemos como vai ser...”.

E continuando com o seu depoimento, Pedro Paulo me afiançou, que graças a uma reunião que teve com o Professor Darcy Ribeiro, aproximadamente três meses para o início do carnaval de 1984 e cujos participantes foram:

O representante da RIOTUR, Armando Aoab, Alcyone Barreto (Presidente da Associação das Escolas de Samba) e os representantes das Escolas de Samba:
Mocidade de Padre Miguel; Paulo de Andrade.
Portela; Nésio Nascimento.
Mangueira; Pedro Paulo.

Nesta reunião o Pedro Paulo questionou o tempo do desfile para as Escolas, convencendo o Professor Darcy Ribeiro que não fosse levado em consideração o tempo para o desfile das Escolas de Samba, pois se tratava de inauguração da Passarela do Samba, um espaço novo, e mais, não seriam dez Escolas a desfilar em um só dia e sim, 14 para dois dias de desfile. Colocando este argumento em votação, o pedido foi aceito.

Pensando no que foi decidido na reunião, Pedro Paulo chegou a seguinte conclusão:

Fazer o desfile como o Darcy Ribeiro queria, e por ser a Mangueira a última a desfilar, daria uma volta na Apoteose com os carros alegóricos, entraria na passarela e retornaria, voltando com o desfile em direção à concentração e não falou sobre a sua ideia com ninguém.

Maria Helena Abrahão Vieira.
Destaque do Grêmio por muito tempo.
Vencedora do Estandarte de Ouro de 1984.

Ao chegar em casa, não conseguindo conter a ansiedade, acordou a sua esposa Maria Helena Abrahão Vieira, e disse:

“Estou com a ideia da Mangueira ir até a apoteose, fazer a exibição e retornar desfilando rumo à concentração”. Ela espantada respondeu: “Você tá maluco?!...” E ele rindo disse-lhe: “- não, não, isso vai dar certo, pode contar!... vamos ficar sambando lá igual uns bobos na Praça da Apoteose, todo exprimido lá, procurando um espaço?!... vai dar certo.”.

Uns dois dias antes do desfile, ele falou com o Dr. Alcyone Barreto e procurou o Robson (Diretor da Bateria) e disse: - Robson, nós vamos voltar.

Procurou também o Xangô, que ao tomar conhecimento, espantado rebateu: - isto vai dar errado! (Xangô era Diretor de Harmonia, ele e o Alberto Pontes) e Pedro Paulo irredutível na sua decisão, sentenciou: “vai dar certo, sim.”.

Na hora do desfile, o Milton Gonçalves foi para o microfone e fez um discurso acalorado, anunciando a Escola e disse que a Mangueira ao chegar à apoteose, voltaria.

Foi ai que a Escola ficou sabendo que a Mangueira ia voltar.

Um fato interessante e que ninguém esperava:

No momento da volta, a Escola ia passando e logo atrás, os espectadores desciam em massa para a pista, acompanhando a Escola, cantando e sambando até o fim do retorno.

Foi um sucesso estrondoso! Todos comentavam o feito e nós pasmos, não estávamos acreditando no que estava acontecendo diante dos nossos olhos e ficamos arrepiados de emoção. Foi um momento inesquecível!

Eugenio Agostini comenta o que viu na Passarela do Samba:


Nota: E-mail publicado com a autorização do remetente.


ALA DA BATERIA
Diretores da Ala da Bateria:
Robson Roque e João Lopes de Magalhães filho.
1º Mestre de Bateria
Ailton Jarbas Ferreira (Ximbico).

NOTA:
Com o falecimento do Mestre Waldemiro em 12 de Junho de 1983, por sua recomendação em vida, a Mangueira levou para avenida como seu substituto, Aílton Jarbas Ferreira (conhecido como Ximbico).

Nascido e criado em Mangueira, filho do Ex-Mestre-Sala Arílton e da Pastora Marly. Iniciou sua carreira na Bateria Mirim, se destacando como um exímio ritmista, além de um ouvido apuradíssimo para a música.

Em seu primeiro ano como mestre de bateria, Ximbico comandou uma bateria com mais de 300 ritmistas, número incomum na época.

Além do Ximbico, tinham mais dois Mestres de Bateria:
Taranta (Jorge Costa de Oliveira) e Birinha (Ubiraci de Oliveira).


O SUPERCAMPEONATO.
ESTAÇÃO PRIMEIRA DE MANGUEIRA. PRIMEIRA E ÚNICA SUPERCAMPEÃ DO CARNAVAL CARIOCA DE 1984.


As Escolas de Sambas desfilaram em dois dias distintos, com classificações em separados:

Domingo, 03 de Março, Campeã: Portela.

Segunda, 04 de Março, Campeã: Mangueira.

O título definitivo do Supercampeonato foi definido no Sábado 09 de Março, nos desfiles das Campeãs.

Para montar este desfile, foram escolhidas as três primeiras colocadas de cada dia de desfile e mais duas primeiras colocadas do Grupo 1B, ficando na seguinte disposição:

No dia 03:
Portela, Império Serrano e, Caprichosos de Pilares.

No dia 04:
Mangueira, Mocidade Independente e Beija-Flor.

Grupo 1B:
Unidos do Cabuçú e Acadêmicos de Santa Cruz.


O DESFILE DAS CAMPEÃS:
Desfile das Campeãs

RESULTADO DO DESFILE DAS CAMPEÃS:

O Grêmio Recreativo Escola de Samba Estação de Mangueira:
Com 139 pontos. 1ª Colocada. Enredo: Yes, nós temos Braguinha.

Portela:
Com 137 pontos. 2ª Colocada. Enredo: Contos de Areia.

Mocidade Independente de Padre Miguel:
Com 128 pontos. 3ª Colocada. Enredo: Mamãe, Eu Quero Manaus.

Consagrando-se a Mangueira:
Supercampeão do Carnaval de 1984.


Foto do acervo de Sammartino / Parte da Diretoria:
Raymundo, Pedro Paulo. Jairo. Terezinha. Sammartino. Lomelino. Danilo. London. Warldir Sargento.

FICHA TÉCNICA:
PRESIDENTE DA ESCOLA: Djalma dos Santos.
VICE-PRESIDENTE: Manoel Nunes Areais (Manolo).
SECRETÁRIO: Pedro Paulo Lopes.
TESOUREIRO: Raymundo de Castro e Danilo London.
MESTRE-SALA: Hégio Laurindo da Silva (Delegado).
PORTA-BANDEIRA: Rivailda Nascimento de Souza (Mocinha).
DIRETOR DE HARMONIA: Olivério Ferreira e Alberto Pontes.
CARNAVALESCO: Max Lopes.
INTÉRPRETE: José Bispo dos Santos (Jamelão).


ASSESSORES DE DARCY RIBEIRO:

Pedro Paulo Lopes,
Nésio Nascimento,
Paulo de Andrade.


COMISSÃO DE CARNAVAL:
PRESIDENTE: José Petrus (Zinho).
COORDENADOR: Pedro Paulo Lopes.
MEMBROS: Sandro Moreira.
Sabino Barroso.
José Leal.
Olivério Ferreira (Xangô).

AUTORES DO SAMBA ENREDO:
Jurandir, Comprido, Jajá, Arroz, Alvinho e Hélio Turco.


CARNAVAL DE 1984 - CARNAVALESCO MAX LOPES.

Max Lopes projetou as fantasias apresentando diversos tons de rosa, fazendo um mar de rosas em todo o desfile, com fantasias bem elaboradas, com trajes que remetia a “Belle ´Époque”, maravilhando público e jurado com uma bela apresentação, o que me fez lembrar os carnavais apresentado por Roberto Paulino nos carnavais de 1959 a 1961, com figurinos e alegorias feitos por Darque Dias Moreira (Sinhôzinho), que abusou dos diversos tons de rosa, da cintura pra cima e do verde em diversos tons, da cintura pra baixo.

Max comenta que foi a partir deste carnaval de 1984 que passou a ser chamado, “Mago das Cores”.


CURIOSIDADES:
1- A Portela realizou um grande e belíssimo carnaval, homenageando Clara Nunes, Paulo da Portela e Natal. Reivindicou ser Campeã do carnaval, por ter sido a 1ª colocada na Domingo.

A Mangueira, também, reivindicou o título de Campeã por ter sido a 1ª colocada na Segunda-feira.

2- Se manteve sobre grande sigilo, o retorno da Mangueira após o desfile, para que não servisse de inspiração para a última Escola a desfilar no Domingo.

3- Pedro Paulo no seu depoimento, nos disse, que o Professor Darcy Ribeiro ao se referir aos Carros Alegóricos, denominava-os de “Carruagens” e a exibição dos componentes das Alas de “"trotar”. Após ouvir diversas vezes que:

“Os componentes das Alas vão “trotando” em volta das “Carruagens””. Pedro Paulo intrigado com aquele modo de expressão, disse-lhe:

- Professor, o sambista não trota, quem trota é cavalo! O Professor percebendo a falha, disse-lhe: - É mesmo... eu me enganei!.. Não é carruagem, é Alegoria mesmo!”. Então o Pedro Paulo acrescentou: - São Alegorias e eles vão sambando e não trotando. O Professor ria da confusão feita por ele mesmo.



O RETORNO NA PASSARELA NO CARNAVAL DE 1984 E O SUPERCAMPEONATO
Pesquisa: Raymundo de Castro.
COLABORARAM:
Maria Helena Abrahão Vieira.,
João Lopes Magalhões Filho (João Cuica).






Origem da Denominação Mangueira.


Fábrica Chapéu Mangueira.

Reproduzo abaixo, na íntegra, o testemunho de Braga Neto, acionista da S.A. Chapéu Mangueira, realizado junto a Atenéia Feijó e publicado em folheto apresentando o Enredo "Mercadores e suas Tradições", para o carnaval de 1969, como segue:

- "Até 1857, tudo isso era Morro do Telégrafo, e a nossa fábrica só era conhecida como Fábrica de Fernando Braga. Mas o curioso é que o terreno daqui era todo plantado de mangueiras fazendo com que os fregueses começassem a chamar nossa mercadoria de Chapéu das mangueiras.

Nessa época, naquela área do Morro do Telégrafo, havia apenas uma parada rápida, obrigando as pessoas que ali desejassem saltar, pular às pressas do trem, ou avisar com antecedência ao condutor de que desejava ficar na “Mangueira”, por esse motivo, quando a Central do Brasil resolveu transformá-la em estação, denominou-a "Estação de Mangueira".

A última das Mangueiras que deu o nome ao local, morreu a mais de trinta anos".

...Assim terminou o depoimento de Braga Neto.


Origem da Denominação "Mangueira".





Conselheiros Natos.

Conselheiros Natos eleitos em Assembléia Geral realizadas em 16 de Março de 1980, gestão: Ed Miranda Rosa. - Transcrição na íntegra como foi publicado no Livro Oficial de Assembleias Gerais.

FOLHAS: 25 e 25 verso.


1. - ANGENOR DE OLIVEIRA.

2. - HOMERO JOSÉ DOS SANTOS - TINGUINHA).

3. - JOSÉ RAMOS.

4. - JORGE PEREIRA DA SILVEIRA.

5. - CARLOS MOREIRA DE CASTRO (CARLOS CACHAÇA).

6. - HÉGIO LAURINDO DOS SANTOS (DELEGADO).

7. - MANOEL DE SOUZA.

8. - VITOR MANOEL DE OLIVEIRA.

9. - ADESMAN LEMOS DE SOUZA (CAZUZA).

10. - ANTÔNIO CÂNDIDO (TUNINHO CAÔLHO).

11. - JORGE FERREIRA.

12. - EDSON DE SOUZA.

13. - ADELINO BASTOS.

14. - VALDOMIRO THOMÉ PIMENTA.

15. - IRENE GOMES.

16. - EUZÉBIA DE OLIVEIRA (TIA ZICA).

17. - NEUMA GONÇALVES DA SILVA.

18. - RAYMUNDO DE CASTRO.

19. - MANOEL DE MATTOS.

20. - VALDOMIRO DE SOUZA.

21. - OSVALDO HOLANDA.

22. - ALUÍZIO DIAS.

23. - AMÉLIA ALVES DE OLIVEIRA.

24. - CÍCERO DOS SANTOS.

25. - DJALMA DOS SANTOS.

26. - ARLINDO DOS SANTOS.

27. - ROBERTO PAULINO.

28. - JUVENAL LOPES.

29. - DARQUE DIAS MOREIRA.

30. - UBIRAJARA NASCIMENTO DOS SANTOS.

31. - ED MIRANDA ROSA.

32. - FELICIANA DA SILVA.

33. - MANOEL DE MATTOS. (duplicado).

34. - ALMEIDA DO ARMAZÉM.

35. - DONA RAIMUNDA.

36. - DONA DOCA.

37. - DONA ONORINA.

38. - DONA ILDA DOS SANTOS.

39. - DONA LINA.

40. - DONA CLOTILDE DE OLIVEIRA.


CONSELHEIROS NATOS






Xangô, Tantinho e Licinho - Partido Alto sem Compromisso.

Xangô, Tantinho e Licinho, Partido Alto sem compromisso
Xangô – Tantinho - Licinho. 

PARTIDO ALTO SEM COMPROMISSO!


Xangô era uma pessoa espontânea no falar e muito conhecedor das coisas de samba. Por seus conhecimentos, nosso saudoso Roberto Paulino sempre o ouvia e acatava suas observações.

Convivi com Xangô, e se relato alguns fatos do nosso cotidiano, é para que não se percam com o tempo e também, para levar ao jovem de hoje que se interessa pelo mundo do samba, como foi este convívio envolvido de amizade, respeito, sinceridade, discussões e, às vezes, atritos por motivos banais.

Como “partideiro”, Xangô sempre se destacou entre os demais e nesta passagem, participaram figuras promissoras do nosso Grêmio, como descrevo a seguir:

Aconteceu no Largo do Sossego, ao lado da casa da Neuma.

Nos finais de semana, reuniam-se todos na casa da Neuma para contar causos, tomar cerveja e se informar sobre as novidades. Num destes finais de semana, após o bate papo, a maioria se encaminhou para o Largo do Sossego, e ali deu início a uma Roda de Samba.

O começo foi em clima de descontração e brincadeira. Participavam diversos partideiros, entre eles, além do Xangô, o saudoso Ulisses Gomes da Costa (Licinho) e o nosso hoje Baluarte, Devani Ferreira, “Tantinho”.

Xangô iniciou, Licinho retrucou, tantinho atacou. Tudo isso em clima de descontração e, o Partido Alto ficou muito animado!

Num destes momentos, Tantinho e o Licinho responderam ao Xangô cada um no seu tempo e com a irreverência e a linguagem características dos adolescentes.

O Xangô achando os " termos usados " uma falta de respeito, num impulso, gritou bravo: - “Para aí, seus moleques!.. Vocês estão pensando o que?” Ao mesmo tempo, puxou uma arma e deu um tiro para o alto.

Os dois que não estavam esperando aquela reação, e sem entender o motivo daquela atitude, saíram correndo em disparada, cada um para o seu lado.

Um para lado da Rua Visconde de Niterói, e o outro, para o Largo do Careca em direção ao Buraco Quente.

Os que estavam assistindo ao embate, inclusive eu, passaram a rir achando ser uma brincadeira, e o Partido Alto acabou ali. Todos foram se dissipando, cada um procurando os seus destinos.

Mais tarde, no mesmo dia, me encontrei com os dois que comentavam e riam muito, depois do susto. 

Falavam que Xangô ficou ofendido e irritado com suas rimas e que não tiveram nenhuma intenção de ofendê-lo com suas palavras e que o considerava um grande mestre, um verdadeiro ídolo para eles. Nesta época, os dois eram adolescentes e promissores partideiros.

A vida seguia e sem rancores ou mágoas, nos finais de semana seguintes era como se nada tivesse acontecido. Todos estavam juntos, contando causos, inclusive este que vos contei e pra variar: Na casa da nossa saudosa e querida, Neuma.

XANGÔ, TANTINHO E LICINHO - PARTIDO ALTO SEM COMPROMISSO

NOTA:
- WILLIAM  LOURENÇO BRAGA (LILICO), COLABOROU CEDENDO A FOTO DE ULISSES GOMES DA COSTA (LICINHO).



Memória Em Verde e Rosa

Nesta postagem venho falar sobre o Documentário:

Memórias em Verde e Rosa
Memória em Verde e Rosa - Um Filme de: Pedro Von Krüger.


Recomendo a todos em geral: do mundo do Samba, simpatizantes e, para aqueles que querem aprofundar seus conhecimentos nesta nossa cultura tão rica.

Tantinho contando a sua trajetória, é também anfitrião de outros “bambas”, contando suas histórias que se confundem com a história do morro.

Ao assisti este filme, senti-me muito emocionado vendo pessoas que conviveram comigo. Não é uma Mangueira diferente, é simplesmente a Mangueira.


Tantinho e Carlinhos Pandeiro de Ouro
Acompanhei a trajetória do Tantinho, desde criança. Trabalhamos juntos na Cerâmica Brasileira e vivemos a casa da Neuma.

Tenho que abraçar esta equipe que, com maestria, conseguiu transportar para a tela esta realidade.

Este filme não nos trará saudades, ele já é saudade. Ele tem começo, meio, mas, não tem fim... É uma renovação constante!
Meus parabéns para toda equipe!

Esta é a minha contribuição singela para a divulgação deste trabalho tão bem intencionado e realizado.

MEMÓRIA EM VERDE E ROSA:



Ala dos Periquitos.

Ala dos Periquitos, Mangueira

Quando o samba ainda não tinha nenhum valor e nem se pensava em escolas de samba, a comunidade da Mangueira já despontava como pioneira dos carnavais cariocas através dos seus cordões, onde um grupo de mascarados conduzidos por um mestre com um apito, acompanhava uma verdadeira orquestra de percussão.

N
a Mangueira existiam pelo menos dois cordões:
O Guerreiros da Montanha e o Trunfos da Mangueira.

M
enos primitivos que os cordões, surgiram os ranchos, que se destacaram por permitir a participação das mulheres nos cortejos carnavalescos e por trazerem inovações tais como:
Alegorias, Uso do enredo, Instrumentação de sopro e cordas, O casal de dançarinos baliza e porta-estandarte, hoje conhecidos como mestre-sala e porta-bandeira.


Três ranchos se destacaram em Mangueira:
Pingo de Amor,
Pérola do Egito e Príncipes da Mata.

Por volta de 1920, surgiram os blocos com os elementos dos cordões e dos ranchos para mais tarde darem origem às escolas de samba.

tempo foi passando, e a Mangueira foi ganhando, cada vez mais, a admiração das pessoas, porque não dizer o amor de fieis. Por conta disso, em 1931 um grupo de senhores precisou separar a Mangueira do público que assistia seu desfile.

Estes senhores seguravam uma corda para que o publico, tomado de emoção, não invadisse o desfile.

Nesse contexto, precisamente em 14/07/1931, uma ala foi batizada, e é conhecida até hoje como Ala dos Periquitos, a primeira da Estação Primeira de Mangueira, do carnaval carioca e do Brasil.

Ninguém que faz oitenta anos pode passar incólume a uma comemoração, sobretudo quando é o aniversário de um grupo que contribui na harmonia de uma escola de samba, a Mangueira, que é um mito para o carnaval carioca e para a cultura popular carioca, brasileira e mundial.

Texto cedido pelo Ex-Presidente: J. Antonio de Luca.

DIRETORIA


PRESIDENTE: MARCELO (Marcelo Gomes de Alencar).



VICE-PRESIDENTE: JOILSON CHAGAS ALVES.


TESOUREIRO:  LUIZ ROBERTO PEREIRA DINIZ.



1º SECRETÁRIO: FÁBIO ANDRÉ.

2º SECRETÁRIO: ULISSES RIBEIRO PESSANHA.

ALA DOS PERIQUITOS:






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